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Mensagens populares deste blogue

Longe do Mar (6) Eu

Precisava do fim-de-semana. Precisava de dormir sem horas, de me enredar nos meus próprios pensamentos, de dar coerência às minhas emoções e de descansar. Queria ficar comigo por algum tempo, cuidar de mim para mim mesma. Queria ler, queria escrever. A escrita sempre foi a minha melhor maneira de organizar as emoções, de colocar em palavras os indizíveis sentimentos que tantas vezes me assolam. Manter um diário, um registo de desejos e de medos é um habito que guardo da infância e tenho tantas saudades dessa infância das palavras, em que não havia medo. Agora tenho medo das palavras que escrevo. São profecias. Foi com essas palavras que moldei a minha vida, que amassei os meus desejos, que reconstruí as minhas perdas e que tracei o meu rumo. Quase tudo o que sou e o que tenho são essas palavras. Quando arranquei ao esquecimento os meus diários comecei a   ter medo de escrever, de estar a criar um mundo demasiado fantasmagórico, habitado de seres frágeis, perigosamente solitári...

2 Livros e 3 Mães

Quando percebi que a minha memória era demasiado fraca para guardar tudo aquilo que não queria esquecer, comecei a escrever diários. Não sei quando isso terá começado, mas foi cedo.  Quando fui para a Universidade a minha Mãe guardou todos os meus cadernos de notas pessoais, os famosos diários, numa caixa de cartão e arrumou-a num armário. Mais tarde, quando os meus pais mudaram de casa, a caixa de cartão mudou-se para o amplo móvel do corredor, na casa nova. Há muitos anos que me separei dessa caixa e dessa parte tão preciosa da minha memória. Dos tempos de Coimbra também já não restam quaisquer cadernos de memórias e nos anos que se seguiram abdiquei da escrita. As crianças para cuidar, o trabalho sempre muito e a ausência de intimidade comigo mesma, afastaram-me da escrita. Recuperei esse hábito há 20 anos, quando definitivamente me instalei em Lisboa e numa vida escolhida por mim.   Com o hábito de escrever diários, voltei, também, ao hábito de tirar notas sobre...

O Blog dos #50

Agora que cheguei aos 50 anos passou-me pela cabeça a ideia de escrever um blog dedicado aos 50. Partilhei esta ideia no facebook e recebi muitos comentários de apoio e incentivo, mas, mais do que isso, muitos amigos, também já nos 50, manifestaram a sua vontade de partilhar comigo esta aventura. Depois de pensar melhor, desisti da ideia de fazer um novo blog, afinal este "Nada Temer" já tem seguidores, é só lavar a cara, pôr uma roupa nova e tornar-se um pouco mais dinâmico. "Nada Temer" é um bom tema, um bom nome, para quem já entrou nos 50. Afinal, "na vida, não existe nada a temer, mas a entender" (Marie Curie). Agora o desafio aos meus amigos: vamos lá a opinar, divagar e colaborar aqui no blog. Pela minha parte, vou tentar ser assídua e inspirada nos posts!!!!